A base de um ITS inteligente: não existe analítico bom sem imagem boa

*Por Alexandre Krzyzanovski

Em 2025, projeções de mercado apontam que o setor global de videomonitoramento deve crescer mais de 12% ao ano (IDC), impulsionado por cidades inteligentes, rodovias conectadas e sistemas de transporte inteligente (ITS). Mas há um ponto essencial muitas vezes negligenciado nessa corrida por dados: a qualidade da imagem.

Parece óbvio dizer que imagem é essencial, mas ainda hoje vemos projetos de ITS, mobilidade urbana ou segurança perimetral que subestimam isso. Toda a cadeia analítica — OCR (Optical Character Recognition), reconhecimento facial, contagem de veículos, detecção de incidentes — depende de uma captura impecável. Não adianta investir no melhor algoritmo de IA se a câmera não entrega uma imagem de qualidade. Em engenharia, dizemos: “lixo entra, lixo sai”: se a entrada de dados está comprometida, o resultado analítico será inevitavelmente falho.

As cidades estão amadurecendo. A ideia de “cercamento digital” deixou de ser apenas câmeras espalhadas. Falamos agora em múltiplas câmeras que se complementam: wide-angle para contexto, PTZ para zoom, termal para calor, OCR para placas, facial para pessoas. É essa malha integrada que constrói um monitoramento verdadeiramente inteligente. Cada sensor, cada lente, é parte de uma teia de percepção urbana.

Um outro ponto importante para as soluções de cidades inteligentes é a infraestrutura de processamento de todas essas informações coletas, especialmente com o alto no custo de processamento, tanto de nuvem como em GPUs na borda, forçaram o mercado a se reorganizar. Escalar analíticos de vídeo exige pensar em nuvem, borda e compressão inteligente — tudo sem renunciar à nitidez. Empresas de transporte, concessionárias de rodovia, gestores públicos precisam entender que “high-end” não é luxo: é pré-requisito para que os analíticos funcionem.

Outro ponto importante que uma boa imagem da câmera melhora consideravelmente é o índice de acuracidade, ou assertividade, que os analíticos conseguem entregar. Uma imagem de qualidade aumenta muito a assertividade da solução e evita falhas no reconhecimento facial ou leitura placas, afinal esse tipo de falha não só prejudica a operação como pode resultar em decisões injustas.

Em segurança viária, o desafio é ainda maior. Rodovias exigem leitura de placas em alta velocidade, com chuva, sol ou neblina. Identificação de incidentes demanda múltiplos ângulos e câmeras redundantes. Sistemas inteligentes de transporte (ITS) são de alta complexidade e não são 100% “plug and play”: são projetos sistêmicos, que combinam imagem, rede, processamento e analíticos em harmonia.

A cada dia os clientes estão mais exigentes e querem soluções completas — da câmera ao alerta do analítico à melhoria operacional. E além de mais exigentes, existe uma pressão por custos mais baixos. O mercado está se ajustando, com cadeias de distribuição buscando preço competitivo sem sacrificar qualidade.

Por isso, quando falamos em modernização urbana, cercamento digital ou mobilidade, precisamos partir do elemento mais básico: garantir imagem nítida, confiável, padronizada. É a partir dessa base sólida que se constrói a camada de inteligência que transforma dados em segurança, fluidez e qualidade de vida.

Sem imagem boa, não há cidade inteligente. E sem responsabilidade técnica, não há segurança.

*Diretor de Engenharia da Pumatronix

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