Por Alexandre Krzyzanovski.
O trânsito nas grandes cidades brasileiras é um desafio diário que envolve diversos fatores, como fiscalização, segurança pública e mobilidade urbana. Em países como os Estados Unidos e nações da Europa, os problemas de trânsito não são tão gritantes quanto no Brasil, onde a combinação de falta de infraestrutura e baixa fluidez coloca à prova a paciência e a segurança dos motoristas. No entanto, a aplicação da Inteligência Artificial (IA) pode ser uma solução promissora para melhorar significativamente essas questões.
A IA tem o potencial de revolucionar a maneira como gerenciamos o trânsito no Brasil, especialmente em metrópoles como São Paulo, onde os desafios são mais acentuados. Um dos grandes benefícios dessa tecnologia é a sua capacidade de melhorar a fluidez do tráfego por meio de sistemas semafóricos mais inteligentes. Com a ajuda de ferramentas como o Waze, o Google Maps (para ficarmos nas mais conhecidas que já oferecem soluções de mobilidade) e de câmeras inteligentes, a IA pode otimizar ainda mais a circulação de veículos, adaptando os semáforos em tempo real e facilitando o fluxo contínuo de tráfego, implementando o conceito de “onda verde” para a cidade.
A engenharia de tráfego inteligente vai além do simples controle semafórico. A telemetria com redes 4G e a leitura de placas, aliadas à captação de imagens por foto e vídeo, são instrumentos fundamentais para o monitoramento eficiente do trânsito. No entanto, esses sistemas exigem uma infraestrutura robusta, como a fibra óptica ou mesmo 5G, para funcionar com baixa latência. Atualmente, essa é uma das maiores restrições das tecnologias de IoT no Brasil. O baixo investimento em infraestrutura é um gargalo que dificulta a plena adoção dessas tecnologias, mesmo em áreas onde o trânsito é privatizado ou pedagiado.
Além da questão de cobertura e de qualidade de sinal, outro desafio que as tecnologias baseadas em Internet das Coisas (IoT) é a quantidade de dispositivos conectados à rede. Boa parte da infraestrutura de provedores ainda não está preparada para termos semáforos, sensores, geladeiras, microondas, etc… conectadas à internet, enviando e recebendo dados. Em muitas aplicações, essas limitações de banda e infraestrutura acabam restringindo as informações que podem ser trafegadas, e não são enviadas informações relevantes para a gestão do trânsito em tempo real. Isso limita a capacidade de resposta das autoridades e impede a implementação de soluções mais ágeis e eficazes.
Cada vez mais, os gestores públicos estão buscando por soluções com mais do que um fim, ou seja, câmeras, equipamentos, sistemas que possam servir para fiscalização, cercamento digital e mobilidades, etc… Essa característica de multifunção também requer um planejamento cuidadoso da rede, levando em consideração a necessidade de uma conectividade estável e de alta capacidade. Carros autônomos, por exemplo, apesar de terem boa parte de sua tomada de decisão e dirigibilidade offline, ou seja, usam como base seu conjunto de sensores instalados no próprio veículo, ainda assim dependem da conectividade e de uma infraestrutura de rede para que possam se popularizar no Brasil.
Em suma, a adoção da IA no trânsito brasileiro representa uma oportunidade única para melhorar a mobilidade urbana e a segurança pública. No entanto, para que essas soluções sejam efetivas, é imprescindível investir em uma infraestrutura de rede robusta e bem planejada. Somente assim será possível superar os desafios atuais e transformar o trânsito das grandes cidades em um ambiente mais seguro, fluido e eficiente para todos.